Cefaleia e Enxaqueca
- acunutri
- 13 de out. de 2016
- 6 min de leitura

O que é?
A enxaqueca é um distúrbio ocasional, muitas vezes debilitante, caracterizada por ataques de dor de cabeça severa com combinações de sintomas neurológicos transitórios (perturbação visual, formigamento, bloqueio da fala, desconforto com sons e cheiros, sensibilidade a luz) e gastrointestinal (náuseas e vômitos).
De todos os estados dolorosos que atingem os seres humanos a cefaleia é sem dúvida uma das queixas mais comuns nas unidades de emergência. Pode estar associada a diversas condições, como trauma de crânio, intoxicação alcoólica, depressão, tumor cerebral ou representar uma cefaleia primária como a enxaqueca, havendo estimativas de que 90% dos homens e 95% das mulheres tenham cefaleias por ano.
O que é pela visão da medicina chinesa?
A cefaleia e a enxaqueca pela Medicina Tradicional Chinesa tem diversas origens, para esclarecer, a princípio elas são apenas um quadro sintomático e ela pode ser causada por síndromes de base de alguns canais energéticos. O importante é que seja descartado primeiramente que a dor de cabeça não seja aguda intensa ou persistente ou que venha aumentando ao longo do tempo com condições graves como hemorragia ou tumor cerebral.
O que podem levar às dores de cabeça?
Determinar características da dor deve ser prioridade na avaliação dirigida, assim como obter informações sobre fenômenos premonitórios, padrão de início, localização, duração, intensidade, irradiação, freqüência, sintomas associados, tipo de dor assim como fatores agravantes e de alívio, medicamentos já utilizados e seu padrão de consumo. Os demais elementos da anamnese também são importantes, como o interrogatório sistemático e os antecedentes. O exame físico e o neurológico podem confirmar o diagnóstico sugerido pela avaliação.
As cefaleias precisam de clareza diagnóstica, podem ser aguda (hemorragias cerebrais e meníngeas, meningites e meningoencefalites) ou subaguda (abscessos cerebrais) e freqüentemente estão associadas com vômitos e febre. Podem ter um início insidioso, com aumento progressivo da intensidade da dor, o que é característico das neoplasias intracranianas. Freqüentemente, a dor de cabeça pode ser de origem desconhecida e que são desencadeados por múltiplos fatores ou desconhecidos pelos pacientes. Nesses casos a dor de cabeça é a queixa principal. É o caso da enxaqueca, da cefaleia tensional além de outras com características próprias. Em crianças e adolescentes, o início abrupto de cefaleia severa é freqüentemente causada por infecção do trato respiratório superior ou por enxaqueca.
O que podem levar às dores de cabeça? (visão da Medicina Tradicional Chinesa)
Os fatores desencadeantes de uma cefaleia ou enxaqueca podem vir de tendências hereditárias, cansaço, trabalho excessivo, horários irregulares, falta de sono, doença, nutrição deficiente, hábitos inadequados de alimentação, reações alérgicas, medicação em uso, traumatismo, estresse emocional e/ou fatores hormonais.
As dores de cabeça por tendência hereditária ou constitucionais podem se manifestar ainda na infância podendo envolver aspectos de saúde geral dos pais, mesmo durante a concepção, ou das condições durante a gravidez. Nestes casos a criança nasce com uma “fraqueza” constitucional que pode manifestar em diversos tipos de sintomas incluindo a cefaleia.
Fatores emocionais são também bastante frequentes causas de cefaleia, a raiva, ressentimento, preocupação, medo, choque e o fato de não conseguir expressar estas emoções podem desencadear as respostas como dores de cabeça. A auto exigência e o trabalho mental excessivo podem apresentar enxaquecas também na infância.
O corpo dá um sinal de alerta quando ele está sob pressão, quando não está tudo bem, descanso insuficiente, disposições de comportamento (atividade mental excessiva ou sexual excessiva), de pensamentos negativos, de alimentação incorreta afetam a saúde manifestando também como dores de cabeça.
Além dos fatores mencionados acima, as dores de cabeça podem ter origem devido a algum acidente ou traumatismo onde a dor tende a se manifestar em região específica da cabeça; partos muito próximos e/ou abortos com perda de sangue e mudanças hormonais bruscas que podem levar a quadros de cefaleia, estágio do ciclo menstrual (início, durante ou final) além de fatores climáticos como vento, calor e umidade.
Como tratar?
As estratégias nutricionais mais efetivas para o tratamento da enxaqueca se baseiam na identificação de componentes alimentares causadores do problema.
O tratamento não-farmacológico tem como objetivo diminuir os fatores de risco para desencadear crises de enxaqueca. Deve-se iniciar um processo de educação em saúde no qual o paciente é estimulado a adotar medidas que favoreçam a adesão às recomendações. As medidas sugeridas terão impacto no seu estilo de vida e sua implementação depende diretamente da compreensão do problema e da motivação em aplicá-las. Ressalta-se a importância de uma abordagem multi ou interdisciplinar e o envolvimento dos familiares do paciente nas metas a serem atingidas.
Nas consultas, o processo educativo, preconiza a orientação de medidas que comprovadamente reduzam as crises, entre elas: hábitos alimentares adequados, estímulo à vida ativa e aos exercícios físicos regulares, redução do estresse e abandono do tabagismo.
As indicações de modificações nos hábitos alimentares são importantes, pois já existem evidências do seu efeito na prevenção e redução das crises de enxaqueca. Recomenda-se uma alimentação com a retirada dos alimentos desencadeantes das crises devidamente identificados, levando-se em consideração os seguintes critérios, de acordo com a Associação Britânica de Estudo da Cefaleia: a enxaqueca inicia-se após 6 horas do consumo, o efeito ocorre repetidamente, a exclusão do alimento na dieta leva à melhora.
Outro fator que pode desencadear a enxaqueca é a hipoglicemia, devendo-se, então, evitar longos períodos em jejum através do fracionamento das refeições.
Como tratar pela Medicina Tradicional Chinesa?
O diagnóstico na medicina chinesa leva em conta a localização da dor, frequência, intensidade, tipo (distensão, aperto, rigidez, facada, surda, sensação de peso, sensação de vazio), de acordo com a melhora/piora (hora do dia, atividade/descanso, clima, emoções, atividade sexual, alimentação, postura, menstruação, compressão). Estas informações ajudam a estabelecer os padrões de excesso ou deficiência que originaram o quadro ou que levaram a manifestação. É a partir de então que se pode realizar o tratamento.
O tratamento de enxaqueca e cefaleia pode ser realizado por acupuntura, fitoterapia, além de outros instrumentos como a ventosa e a moxa dependendo do diagnóstico, podem ser recomendados mudanças de hábitos para evitar a geração de novas crises. O tratamento normalmente é bastante eficaz ajudando a melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Suplementação nutricional - Vitamina e mineral ajudando a prevenir as crises
Existe evidências preliminares que apoiam um papel potencial para a riboflavina (Vitamina B2) e magnésio na prevenção da enxaqueca. Um estudo mostrou benefício significativo 3 e 4 meses após o início da suplementação de riboflavina. A riboflavina, em doses elevadas (até a 400 mg), mostrou boa eficácia na prevenção de ataques da enxaqueca com uma baixa taxa de efeitos colaterais indesejáveis, tais como leve dor abdominal e diarreia. A enxaqueca é um distúrbio comum, mas sem clareza diagnóstica causa deficiência e diminuição da qualidade de vida em pessoas atingidas. Diagnóstico preciso e administração da terapia no início do curso da crise de enxaqueca são essenciais para ótima gestão da doença. A terapia preventiva é importante para pacientes que sofrem de enxaqueca freqüentes ataques, particularmente se os ataques são prolongados e incapacitantes. O objetivo da terapia preventiva é melhorar a qualidade de vida, mantendo os efeitos secundários a um mínimo.
Recomendações gerais
Para estabelecermos o impacto é preciso que investiguemos a interferência das crises de enxaqueca "migrânea" nos contextos escolar, social e familiar e, em última análise, as conseqüências sobre a sua qualidade de vida. Deve-se evitar o jejum prolongado, odores (perfume, tinta, gasolina), privação ou excesso de sono, exposição ao sol, emoções negativas ou positivas, provas escolares, excesso de atividades extracurriculares, barulho excessivo. Alimentos como chocolate, queijo, frutas cítricas, banana, nozes, carnes "curado", produtos lácteos, cereais, feijão, cachorro-quente, pizza, aditivos alimentares (nitrato de sódio, glutamato monossódico em alimentos restaurante chinês, o aspartame como um adoçante), café, chá, refrigerantes, bebidas alcoólicas, como vinho tinto, cerveja ou uísque destilado em alambiques de cobre, todos podem trazer em um ataque de enxaqueca. Para cada paciente temos que avaliar quais alimentos estão envolvidos no ataque (não necessariamente produzidos por consumir o produto em causa), a fim de tentar evitar os seus consumos, como forma de profilaxia para a enxaqueca.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Ross, Jeremy. Combinações de Pontos de Acupuntura. A chave para o Êxito Clínico, Editora Roca, SP - 2003
Maciocia, Giovanni. A Prática da Medicina Chinesa. Tratamento de doenças com acupuntura e ervas chinesas. Editora Roca, SP – 1996.
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