E viva a vitamina D de cada dia!!
- Nathália Galvão
- 24 de mai. de 2017
- 9 min de leitura

A vitamina D é um hormônio esteroide lipossolúvel essencial para o corpo humano e sua ausência pode proporcionar uma série de complicações para a saúde. A vitamina D pode ser obtida por meio da forma exógena, na alimentação ou da síntese endógena a partir do colesterol que é sintetizado pela incidência de raios UVB do sol sobre a pele.
A principal fonte de produção da vitamina se dá por meio da exposição solar, pois os raios ultravioletas do tipo B (UVB) são capazes de ativar a síntese desta substância. Alguns alimentos, especialmente peixes gordos (como o salmão), são fontes de vitamina D, mas é o sol o responsável por 80 a 90% da vitamina que o corpo recebe. Essa vitamina também pode ser produzida em laboratório e, com isso, ser administrada na forma de suplemento, indicado quando há a deficiência e/ou para a prevenção e tratamento de uma série de doenças.
Isso mesmo! Uma série de doenças podem ser prevenidas e tratadas com a vitamina D!
Você sabia que a vitamina D influencia consideravelmente no sistema imunológico, sendo interessante tanto na prevenção de gripes e resfriados como para o tratamento de doenças autoimunes, como a artrite reumatoide e a esclerose múltipla?
Crianças com deficiência de vitamina D têm mais chances de desenvolver infecções respiratórias. Já adultos com menores quantidades de vitamina D contraem mais resfriados e problemas no trato respiratório.
Uma pesquisa publicada no The American Journal of Clinical Nutrition que contou com a participação de 340 crianças durante quatro meses observou que os riscos de contrair gripe diminuiu consideravelmente no grupo que ingeriu o suplemento de vitamina D.
A vitamina D já está sendo utilizada no tratamento de doenças autoimunes, condição que ocorre quando o sistema imunológico ataca e destrói tecidos saudáveis do corpo por engano.
A vitamina D é um imunoregulador e ao ser utilizada em tratamentos para esclerose múltipla, por exemplo, pode não só evitar que essa doença avance como também proporcionar a melhor recuperação de sequelas recentes.
Estudo publicado no Journal of The American Medical Association feito com 7 milhões de norte-americanos constatou que o consumo de suplementos de vitamina D está associado ao menor risco de esclerose múltipla.
Como a diabetes tipo 1 também é uma doença autoimune, a vitamina D torna-se interessante por ser um imunoregulador.
Um estudo realizado pelo Institute of Child Health da Inglaterra acompanhou 10.000 crianças finlandesas desde o nascimento e observou que aquelas que receberam regularmente suplementos da vitamina tiveram 90% menos chances de desenvolver diabetes tipo 1.
Outro estudo, foi realizado na Finlândia, com 10.366 crianças que receberam 2.000 unidades internacionais (UI)/dia de vitamina D3 por dia durante o primeiro ano de vida. As crianças foram monitoradas por 31 anos e em todos eles, o risco de diabetes do tipo 1 foi reduzido em 80%.
Mas a atuação benéfica da vitamina D não pára por aí !
No processo de diferenciação celular, a falta da vitamina D favorece 17 tipos de câncer como os de mama, próstata e melanoma. Isto ocorre porque a substância participa do processo de diferenciação celular, que mantém as células cardíacas como células cardíacas, as da pele como da pele e assim por diante. Desta maneira ela é responsável por evitar que as células se tornem cancerosas. Além disso, a vitamina D ainda promove a autodestruição das células cancerosas.
Por essas razões, alguns estudos mostraram que além de atuar na prevenção do o câncer, o consumo de altas doses dessa substância pode ser eficaz no combate a determinados tipos de câncer. Porém, neste caso também é necessário que a ingestão dos suplementos de vitamina D sejam realizados com o acompanhamento médico ou nutricionista.
A vitamina D ainda age na secreção hormonal e em diversas doenças crônicas não transmissíveis, como o diabetes tipo 2 . Além disso, a produção de insulina pelo pâncreas requer a participação da vitamina D.
E o coração?!
Vai muito bem, graças à vitamina D! Obrigada!
A vitamina D participa do controle das contrações do músculo cardíaco, necessárias para bombear o sangue para o corpo. Além de permitir o relaxamento dos vasos sanguíneos e influenciar na produção do principal hormônio regulador da pressão arterial, a renina.
A falta da vitamina D pode levar ao acúmulo de cálcio na artéria, favorecendo o risco de formação de placas. Com todas essas questões, as chances de desenvolver doenças cardiovasculares como insuficiência cardíaca, derrame e infarto são maiores em pessoas com deficiência de vitamina D.
Uma pesquisa feita com 50.000 homens pelo Harvard School of Public Health durante dez anos observou que aqueles que tinham deficiência em vitamina D possuíam duas vezes mais chances de sofrer um ataque cardíaco do que os homens que não tinham a deficiência.
O consumo da vitamina D também é essencial para as gestantes, pois a sua falta pode levar a abortos no primeiro trimestre. Já no final da gravidez, a carência do nutriente favorece a pré-eclâmpsia e aumenta as chances da criança ser autista.
Uma pesquisa publicada no The American Journal of Clinical Nutrition feita com mais de 1000 gestantes, observou que quando a mulher ingere a vitamina D os riscos do bebê desenvolver problemas respiratórios diminuem.
Um estudo realizado pelo Childrens Hospital Oakland Research Institute, nos Estados Unidos, observou que três hormônios do cérebro que afetam o comportamento social, serotonina, ocitocina e vasopressina, são ativados pela vitamina D.
Mas de maneira geral, a mais destacada função da vitamina D é a de manter a homeostase de cálcio! Isso mesmo estamos falando da saúde dos nossos ossos!!
Através dos VDRs (vitamin D receptor) de membranas aumenta-se o transporte de cálcio do meio extracelular para o intracelular e mobiliza cálcio dos estoques intracelulares. É imprescindível à absorção de cálcio na luz intestinal e estimula a absorção ativa de fosfato e magnésio. A vitamina D está associada intimamente ao PTH (paratormônio) no metabolismo de cálcio e este serve de indicador no caso de deficiência. Níveis inadequados da [25(OH)D3] implicam diminuição do cálcio sérico pela redução da absorção intestinal desse mineral, que, por sua vez, ocasiona hiperestimulação da glândula paratireoide à liberar PTH, a fim de elevar a reabsorção renal e óssea de cálcio. Além disso, no caso de deficiência de vitamina D, existe um aumento compensatório na secreção do PTH, o que estimula o rim a produzir mais a [1,25-(OH)2-D3], mantendo estável o nível desta vitamina no organismo.
No osso a [1,25-(OH)2-D3] estimula os osteoblastos a produzirem osteocalcina e fosfatase alcalina, aumenta o recrutamento, a diferenciação e a fusão dos precursores em osteoclastos ativos, aumenta ainda a reabsorção de cálcio e fosfato em osso ainda não mineralizado. Além de participar da homeostase do cálcio e do fósforo, na regulação do magnésio, por sua ação nos ossos, rins e intestinos, estudos têm mostrado evidências da ação da Vitamina D em outras células que apresentem o VDR, como células hematopoiéticas, linfócitos, células epidérmicas, ilhotas pancreáticas, músculos e neurônios. Nestas células, a [1,25-(OH)2-D3] participa de várias ações que não estão relacionadas ao metabolismo do cálcio, como por exemplo, na liberação de insulina pelo pâncreas, na secreção de prolactina pela hipófise, na manutenção da musculatura esquelética e alguma participação na depuração da creatinina.
A deficiência de Vitamina D pode ser observada em indivíduos que tenham pouca exposição ao sol, e naqueles que tenham problemas na absorção de lipídios ou problemas na dieta. Pode também ser observada:
- em crianças: o raquitismo, doença decorrente da inadequada mineralização do osso durante o crescimento com consequentes anormalidades ósseas. Entretanto, isso é raro nos dias atuais, devido sobretudo à fortificação dos alimentos.
-em adultos: levando à osteomalácia, condição caracterizada pela falha na mineralização da matriz orgânica do osso, resultando em ossos fracos, sensíveis à pressão, fraqueza nos músculos proximais e frequência de fraturas aumentada.
- em idosos, a deficiência de vitamina D é decorrente das alterações fisiológicas e mudanças no hábito de vida decorrente deste grupo, como por exemplo, a diminuição da exposição ao sol e mudanças na dieta.
A relação entre o envelhecimento e queda dos níveis desta vitamina é tanta que a ingestão de referência de vitamina D baseia-se nas necessidades de indivíduos idosos, mantidos no interior de suas residências sem exposição ao sol, e é o nível de ingestão que manterá os níveis plasmáticos de [25(OH)D3], iguais aos observados em indivíduos jovens com adequada exposição solar, no período de inverno.
Uma pesquisa feita pela Universidade de Zurique com 40.000 pessoas com mais de 65 anos observou que a suplementação de vitamina D reduz em 20% o risco de fraturas no quadril e em outras regiões com exceção da coluna vertebral.
Em estudo meta-análise publicado na BioMed Central Public Health, relata que homens e mulheres com níveis mais altos de vitamina D têm um risco muito menor de morrer prematuramente por todas as causas . Os pesquisadores analisaram os resultados de nove estudos coorte prospectivos que compararam dados sobre o status de vitamina D e a mortalidade por 24.297 adultos de idades variadas. Durante o período do estudo ocorreram 5.324 mortes. Quando os dados foram estratificados por idade, o estudo indicou que o risco de mortalidade por todas as causas para as pessoas com níveis mais baixos de vitamina D foi 12% maior para os menores de 65 anos e 25% maior para aqueles acima de 65 anos de idade.
“Este estudo confirma que pessoas com mais de 65 anos de idade com baixos níveis de vitamina D têm 25% maior risco de morte prematura por todas as causas”, disse Perry Holman, Diretor Executivo do Vitamin D Society . “Há uma necessidade imediata de programas de saúde pública para promoção e comunicação sobre a importância de manter os níveis ótimos de vitamina D de entre 40 e 60 ng/mL para os idosos.”
- em mulheres pós-menopausa: a baixa dosagem da vitamina D pode ser responsável pela menor absorção de cálcio e portanto, tem efeitos importantes no desenvolvimento da osteoporose.
A ingestão excessiva de vitamina D, mas não a excessiva exposição ao sol, causa fraqueza, náuseas, perda de apetite, dor de cabeça, dores abdominais, câimbras e diarreias. Ainda mais grave, pode causar também hipercalcemia
.
E quais são as recomendações para a ingestão da vitamina D?
Segundo diversos estudos realizados recentemente, entre eles um da Universidade do Wisconsin, Estados Unidos, e outro da Universidade de Toronto, Canadá, a orientação para pessoas com mais de 50 quilos é consumir entre 5.000 e 10.000 unidades de vitamina D ao dia. O mesmo vale para as gestantes e lactantes.
No caso das crianças a orientação é ingerir até 1.000 unidades de vitamina D para cada 5 quilos de peso. Então, uma criança que pesa 30 quilos, por exemplo, pode ingerir até 6.000 unidades de vitamina D.
Apesar de estar presente em alimentos de origem animal, estas comidas não possuem a quantidade de vitamina D que o organismo necessita. Por isso, para evitar a carência da substância é importante tomar de 15 a 20 minutos de sol ao dia. Braços e pernas devem estar expostos, pois a quantidade de vitamina D que será absorvida é proporcional a quantidade de pele que está exposta.
Ao se expor ao sol para obter a vitamina é importante não passar o filtro solar. Para se ter uma idéia, o protetor fator 8 inibe a retenção de vitamina D em 95% e um fator maior do que isso praticamente zera a produção da substância.
Daí fica uma dica importante!!
Para evitar o câncer de pele, após os 15 a 20 minutos recomendados para obter a vitamina, passe o protetor solar.
As janelas também atrapalham a absorção da vitamina D. Isto porque os raios ultravioletas do tipo B (UVB), capazes de ativar a síntese da vitamina D, não conseguem atravessar os vidros.
A exposição ao sol da maneira recomendada irá proporcionar as 10 mil unidades de vitamina D. Como a exposição solar já irá proporcionar boas quantidades da substância, é importante que a necessidade do indivíduo seja analisada por um profissional da saúde a fim de saber se apenas o sol é o suficiente ou se é preciso uma alimentação rica na substância ou suplementação.
Mas quais são as fontes de vitamina D?
Todos os alimentos fontes de vitamina D são de origem animal porque as fontes vegetais não conseguem sintetizar a vitamina da maneira como os alimentos provenientes de animais. Até mesmo o alimento com as maiores quantidades da substância, o salmão, conta com somente 6,85% das necessidades diária de vitamina D em uma porção de 100 gramas.
Além disso, esses alimentos são bastante ricos em gordura saturada. Quando ingerido em grandes quantidades este lipídio sofre o processo de oxidação e há o risco do aparecimento de placas que podem inflamar as artérias sanguíneas, levando a doença vascular que pode comprometer o coração, os rins e o cérebro a longo prazo.
Confira os alimentos que possuem vitamina D.
Alimento Quantidade de vitamina D % do valor diário de vitamina D
Atum (100 gramas) 227 unidades 2,27%
Sardinha (100 gramas) 193 unidades 1,93%
Ovo (uma unidade) 43,5 unidades 0,43%
Queijo cheddar (50 gramas) 12 unidades 0,12%
Carne bovina (100 gramas) 15 unidades 0,15%
Fonte: Tabela do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.
Posso fazer uso de suplemento de vitamina D?
Os suplementos de vitamina D podem ser utilizados em casos de constatação de carência da substância ou no tratamento de algumas doenças. A falta do nutriente é constatada após exame de sangue.
É importante ressaltar que os suplementos só podem ser tomados após a orientação médica ou nutricional para o consumo dessas doses extras.
Referências bibliográficas:
Castro, L.C.G. O sistema endocrinológico vitamina D. Arq Bras Endocrinol Metab [online]. 2011, vol.55, n.8
Canto, Marcelo; Lauand, Thais Cabral Gomes. Deficiência de Vitamina D e fatores determinantes dos níveis plasmáticos de 25-hidroxivitamina D.2008
Paschoal, Valeria; Marques, Natália; Sant’Anna, Viviane. Nutrição Clínica Funcional: Suplementação nutricional. São Paulo: Valeria Pascoal Editora LTDA.,2012, p. 340-360.
Sintomas de deficiência de vitamina D. Disponível em: https://vitaminadbrasil.org/2013/02/23/10-sintomas-de-deficiencia-de-vitamina-d-que-voce-precisa-reconhecer/. Acesso em: 21/05/2017.
Vitamina D. Disponível em: https://vitaminadbrasil.org/2013/09/20/pessoas-com-niveis-mais-altos-de-vitamina-d-vivem-mais/. Acesso em: 22/05/2017.
Comentários